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Não diga que Deus disse — Memórias de uma aluna de teologia

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O livro que devolve a humildade à fé

Por Mozart Sávio

Quantas certezas uma fé é capaz de sustentar? E quantas vezes usamos o nome de Deus para validar o que já decidimos por conta própria?

Publicado pelo selo Página Nova, Não diga que Deus disse é um chamado à humildade.  Em um tempo em que o discurso religioso muitas vezes serve mais para reforçar convicções pessoais do que para promover o encontro com Deus, Juliane Queirolo oferece algo raro: uma fé que pensa, questiona e se responsabiliza.

A fé que escuta antes de afirmar

Não diga que Deus disse o que você pensou. O que achou ter entendido. Aquela ideia com algum sentido.

É assim que começa o poema que dá nome ao livro e também o tom da obra. Desde as primeiras páginas, Juliane escreve como quem aprendeu que fé não é sinônimo de certeza.

O livro nasce das inquietações de uma aluna de teologia diante do que se faz, e se desfaz, em nome de Deus. Ao longo de quatro anos de curso, Juliane percebeu como interpretamos a Palavra com os filtros da nossa tradição, cultura, emoção e história pessoal. E, pior: quantas vezes usamos essas interpretações para justificar posturas anti-cristãs.

Do púlpito à vida real: quando a interpretação machuca

Em capítulos breves, que alternam o tom poético, crítico e confessional, a autora desmancha certezas arrogantes e convida o leitor à honestidade espiritual. Fala de passagens bíblicas fora de contexto, de discursos religiosos que geram culpa ou violência, e de feridas abertas por interpretações malformadas.

No capítulo Donos da Verdade, ela lembra o caso real de uma menina de 10 anos, que após sofrer violência sexual, foi cruelmente hostilizada por religiosos durante um procedimento médico autorizado por lei. A pergunta que fica é: que tipo de cristianismo estamos ensinando?

Juliane responde com mansidão, mas sem omissão. Em vez de gritar doutrinas, ela propõe uma chave de leitura: Jesus. Mais do que o texto bíblico isolado, o que deveria pautar a fé cristã é o caráter de Cristo, que é manso, justo, humilde. A verdadeira interpretação, ela sugere, é aquela que passa pelo filtro do amor.

Teologia com ternura e lucidez

A linguagem do livro equilibra clareza e lirismo. Não há jargões acadêmicos nem simplificações ingênuas. Há, sim, uma escrita atravessada por poesia, experiência e temor. A autora compartilha memórias, confissões e até poemas, como aquele em que se pergunta: “Senhor, disse eu, jamais eu poderia matar um meu semelhante…”. E ouve, em resposta, que há homicídios feitos com palavras, julgamentos, descuidos.

O tom nunca é dogmático. Ao contrário: valoriza a dúvida, a escuta e o reconhecimento dos próprios limites. Este é um livro sobre prudência, sobre ler a Bíblia com seriedade, respeitando o contexto, o gênero literário, a ética e, sobretudo, o exemplo de Jesus.

Para quem é esse livro?

Para quem já se feriu com discursos religiosos.
Para quem crê, mas não sabe mais em quem confiar.
Para quem lê a Bíblia, mas tem medo de interpretá-la errado.
Para quem ama a fé cristã, mas não suporta o fanatismo.

Não diga que Deus disse é um livro que devolve a leveza ao caminho espiritual. Um livro que nos ajuda a trocar o “Deus mandou” por um “eu posso estar errado”. Um livro que, antes de nos colocar no púlpito, nos convida a tirar os sapatos.

Onde encontrar

Não diga que Deus disse — Memórias de uma aluna de teologia
Autora: Juliane Queirolo
Selo: Página Nova – Café do Escritor
Páginas: 112
ISBN: 978-65-85933-24-7
Gênero: Teologia, Fé, Autobiografia espiritual
Ano: 2024
Disponível na Amazon e nas redes da autora

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