Akio Kimura nasceu na cidade de Bilac na data de 11 de novembro de 1947, interior de São Paulo. Assim como a maioria dos imigrantes japoneses, acompanhou os seus pais que escolheram a capital de São Paulo em busca de uma vida próspera. Após muitos anos, ainda mora na cidade. A sua educação baseou-se principalmente em escolas estaduais e federais. Cursou faculdade de Comunicação-Polivalente na área de cinema da FAAP, na década de 1970, no período noturno. A sua profissão de tipógrafo sustentou as mensalidades durante quatro anos. Trabalhou também como motoboy, fotógrafo de casamento e laboratorista de filmes preto e branco e em cores. No início da década de 1990, foi decasségui durante seis anos no Japão. Dedicou-se totalmente ao trabalho operário em uma empresa fabricante de para-choque, carcaças de ar-condicionado e afins. Atualmente, está aposentado e trabalha num escritório de despachos aduaneiros. Tem três livros publicados: Paxá, o aposentado ativo, Inesperada reunião na metrópole e Memórias de uma decasségui.
O início da escrita:
• Quando criança já se imaginava escritor ou isso surgiu mais tarde?
R: Surgiu mais tarde. O meu primeiro contato com um livro de ficção foi através de um vizinho de infância, Ricardo. Ele me presenteou com o livro Tarzan, de Edgar R. Burroughs, mas nesse período eu estava numa fase de descoberta, por isso tive dificuldade em entender a história. No final do curso primário lia livros de bolso, FBI e histórias de cowboy às pencas. Mas ainda com dificuldades. Passava eu ainda na fase de adaptação da língua japonesa para o português. Um dia escrevi num caderno uma historinha: Zorro Duplo. Porém, não passaram de duas linhas: “Era uma vez em Oregon, o Zorro duplo prendeu uma dupla de assaltantes de diligências numa estrada de terra.” FIM.
R: Eu entendia bem quando a história tinha cenas de ação. Até hoje não descobri o dono daqueles livros que apareceram em casa, pois morava com os meus pais que trabalhavam na lavanderia do meu tio. Talvez, os livros pertencessem ao passador de roupas, um evangélico que lia muito a Bíblia; ou ao meu amigo entregador de roupas. Quase um mistério. Talvez algum vizinho, aquele do livro do Tarzan, o Ricardo, que mudou de residência para um bairro distante sem me avisar.
• De onde veio o gosto pela escrita?
R: Eu era leitor assíduo de muitos Gibis: Zorro e Tonto, Don Chicote, Flecha Ligeira, Durango Kid, Fantasma etc. Amava Pato Donald e os seus três sobrinhos, Pateta e Pernalonga e Tom e Jerry na televisão. Foi fundamental ter lido essas histórias em quadrinhos.
• Quando começou a escrever?
R: Talvez no Ginásio e Colegial, quando os livros clássicos eram de leitura obrigatória: José de Alencar, Graciliano Ramos, Castro Alves, Cruz e Souza, Machado de Assis e outros clássicos. Pensei em escrever quando ganhei nota máxima com uma redação, pela primeira e a última vez. Mas na outra prova, nota mínima: interpretação de texto. Meu fraco, “0 a 0”.
R: Escrevia pequenas histórias e guardava numa pasta, até chegar no momento adequado. Como a vida de fotógrafo não prosperava, em 1990 aventurei-me a trabalhar no Japão. Permaneci seis anos dedicado ao trabalho. Não escrevia nada, e nem lia. Nas horas vagas, apenas brincava de compor letras em português para incorporar na música japonesa. É claro, fazia turismo para conhecer o país dos meus pais, de acordo com o orçamento doméstico. Uma experiência inacreditável. Em 1996, retornei ao Brasil com uma esposa grávida e uma filha de quatro anos. Por pura sorte, iniciei o trabalho de escritório na firma em que a minha irmã havia montado. Aprendemos Word e Excel apenas para utilizar lá. Nessa época, surgiu a maravilhosa internet. Fascinado, iniciei um blog para armazenar mais histórias. Percebi que o momento havia chegado. Foi em 2014 que realmente comecei a escrever. Dava voltas na praça pensando em criar situações em cima dos rascunhos que havia guardado. Não tinha noção de como publicar um livro. Procurei na internet e encontrei uma escola de escrita. Logo em seguida houve uma tragédia: a servidora apagou o blog porque o período gratuito havia expirado. A recuperação dos textos durou alguns meses. Graças! São desses rascunhos que nascem as histórias, seguindo as fases de uma borboleta.
Este livro:
• De onde surgiu a ideia para este livro?
R: Havia escrito muitas histórias no blog. Em plena pandemia, escrevi Almas Cibernéticas, que ainda está em estado de conclusão e Memórias de uma Decasségui, já editado. E, depois, escolhi sete rascunhos com título de Vidas Anônimas, cada história com características únicas. Mas houve mudanças radicais nos textos, totalmente diferentes dos rascunhos que havia escrito. Minha história preferida é Uma Luz que Escurece, o que me levou a substituir o título “Vidas Anônimas”, por sugestão de um colaborador. Havia ainda um conto-documentário sobre moradias baratas para população de baixa renda, com diálogos entre dois amigos. Estava a fim de incluir num futuro livro. Porém, um dia assisti uma reportagem de um homem que ficou preso quase 20 anos injustamente e ganhou a liberdade com direito a indenização do Estado, mas demorou tanto que, nesse meio-tempo, ele faleceu. Decidi então aproveitar os diálogos do conto-documentário e mudar o rumo da história, contando sobre a injustiça. O que o meu personagem faria no lugar dele, se ele não tivesse morrido?
• O que o leitor pode esperar deste livro?
R: São sete histórias curtas. No meu entender, algumas histórias são belas, e outras, violentas e densas. É um livro fácil de ler.
• O que o lançamento do livro significou para você?
R: Satisfação! Sinto-me orgulhoso. Até parece que é mais um filho meu que nasceu, com a colaboração da editora que fez o parto.
• Como pretende conduzir sua carreira de escritor? Tem mais livros a caminho?
R: Até quando tiver trabalho e saúde. Escrever é a minha diversão e a minha razão de viver. O meu sentido de vida.
R: Tenho dois. Um deles é Almas Cibernéticas, quase em fase final. O outro comecei em 2017, mas um dia terminarei.
Obrigado por essa oportunidade.
Akio Kimura
São Paulo, 14 de janeiro de 2023.